Para lá da guerra na Ucrânia… — Alemanha: a economia sofre um novo golpe com muitas empresas a ponderarem abandonar o país, por Nick Alipour

Seleção e tradução de Francisco Tavares

2 min de leitura

Alemanha: a economia sofre um novo golpe com muitas empresas a ponderarem abandonar o país

 Por Nick Alipour

Publicado por  em 6 de Junho de 2023 (original aqui)

 

Enquanto 16% das médias empresas inquiridas pelo BDI já tomaram medidas para deslocalizar uma parte das suas actividades, o estudo revela que 30% estão a pensar em tomar medidas concretas para seguir o exemplo. [EPA-EFE/CLEMENS BILAN].

Um estudo realizado pela Federação das Indústrias Alemãs (Bundesverband der Deutschen Industrie, BDI) revela que várias empresas estão a transferir postos de trabalho e produção para o estrangeiro, num contexto de preocupações crescentes com a economia alemã.

Enquanto 16% das médias empresas inquiridas pelo BDI já tomaram medidas para deslocalizar parte das suas actividades, o estudo revela que 30% delas estão a considerar tomar medidas concretas para seguir o exemplo.

“Quase dois terços das empresas inquiridas consideram que os preços da energia e dos recursos são um dos desafios mais prementes”, afirmou Siegfried Russwurm, Presidente da BDI.

“Os preços da eletricidade para as empresas têm de baixar de forma fiável e permanente para um nível competitivo, caso contrário, a transformação [verde] das empresas fracassará”, afirmou, acrescentando que é “responsabilidade dos políticos melhorar as condições para as empresas na Alemanha”.

Preocupações semelhantes surgiram depois de os EUA terem publicado a sua Lei de Redução da Inflação (IRA), no valor de 500 mil milhões de dólares, que oferece subsídios generosos à indústria verde.

Em resposta à IRA e à subida dos preços da energia, o gigante dos carros eléctricos Tesla abandonou os ambiciosos planos de construir a sua maior fábrica de baterias perto de Berlim e anunciou, em Fevereiro, que se iria concentrar no mercado norte-americano.

Recentemente, surgiram também preocupações sobre a economia alemã e a sua competitividade global, com a Comissão Europeia a prever, no mês passado, que o país será uma das economias de crescimento mais lento da zona euro em 2023.

Os elevados custos da energia e os preços do carbono na UE têm sido repetidamente citados como razões para prejudicar o país enquanto local de implantação de empresas.

Clemens Fuest, presidente do Ifo, o principal instituto de investigação económica da Alemanha, disse ao Augsburger Allgemeine, em Abril, que “o investimento em indústrias de energia intensiva diminuiu significativamente na Alemanha”.

O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, está a levar a questão a sério.

No mês passado, propôs um pacote de medidas para reduzir os preços da eletricidade para as empresas, incluindo subsídios temporários.

Na segunda-feira (5 de Junho), Habeck anunciou que as empresas alemãs poderiam participar num programa de “contratos de compensação de carbono”, que subsidiaria a transição para um processo de produção neutro em termos de carbono para os candidatos seleccionados.

Entretanto, o BDI deixou clara a sua convicção de que são necessárias reformas mais abrangentes.

“As indústrias alemãs precisam de menos burocracia e de reduções fiscais específicas para poderem continuar a investir”, afirmou Russwurm na segunda-feira.

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O autor: Nick Alipour juntou-se ao EURACTIV na primavera de 2023 como repórter que cobre os centros de Política e Europa Global a partir de Berlim. Antes disso, trabalhou para meios de comunicação social no Reino Unido e na Alemanha e em marketing e redes sociais numa start-up de IA. Estudou política e filosofia, bem como teoria política, na London School of Economics.

 

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